sexta-feira, 17 de julho de 2009

Granizo



Se você ouvir que há previsão de tempestades severas para a sua região, fique atento: pode ser que chova granizo muito em breve onde você mora! Isso porque o granizo – pedras de gelo que, no Brasil, têm, em geral, de 1,5 a 2 centímetros de diâmetro – é formado nas nuvens escuras, de tempestade: os cúmulos-nimbos.
Essas nuvens têm características muito especiais. Enquanto a sua base fica a cerca de um quilômetro da superfície da Terra, o seu topo pode estar a 15 quilômetros. A essa altura, faz muito frio: para você ter uma idéia, a temperatura varia de 60 a 70 graus abaixo de zero. Resultado? O que vemos formando a nuvem, a essa distância do solo, não são as tradicionais gotas de água, mas pedrinhas de gelo, que colidem umas com as outras e, muitas vezes, se unem, ganhando, assim, tamanho e peso, até que ficam grandes e pesadas o suficiente para começar a cair.
Em queda, as pedras de gelo atingem alturas onde a temperatura é maiores que zero. Então, começam a derreter. Dentro das nuvens cúmulos-nimbos, porém, há muitas correntes de ar ascendentes, isto é, jatos de ar para cima. Em sua trajetória de queda, são comuns as pedras de gelo encontrar uma dessas correntes, que as jogam, de novo, para o topo das nuvens, aonde, como vimos às temperaturas são menores. Conclusão: as pedras de gelo, que haviam começado a derreter, congelam de novo.
As pedras de granizo podem ficar de 30 a 40 minutos nessa trajetória: subindo e descendo dentro da nuvem, por conta das correntes ascendentes. Nesse sobe-e-desce, porém, elas colidem com gotas de água e outras pedras de gelo e vão se unindo, o que contribui para aumentar o seu tamanho e peso. Até que chega um momento em que as correntes de ar não conseguem mais mantê-las no ar – e, para isso, as pedras de gelo nem precisam estar muito grandes.
Se as correntes ascendentes não forem fortes, a pedra de gelo cai mais facilmente. Nesse caso, as pedras são pequenas e dificilmente chegarão ao solo inteiras: é mais provável que derretam no meio do caminho e chegue ao chão como água. Mas se as correntes ascendentes forem fortes, serão formadas pedras de gelo maiores, que, provavelmente, chegarão inteiras à superfície. É a chuva de granizo!
O granizo pode atingir o tamanho de uma bola de tênis, embora isso seja raro no Brasil. Outra curiosidade é que os maiores granizos podem cair a 30 quilômetros por hora e os menores, a até metade dessa velocidade. Além disso, se você cortar o granizo ao meio, verá que ele é formado por camadas com texturas diferentes. Isso acontece por conta do sobe-e-desce dentro da nuvem. Lembra que o granizo pode derreter em parte, unir-se a gotas d’água e também a outras pedras de gelo já formadas? Pois é: a água que se juntou a ele e que depois acabou congelando terá uma textura diferente da dos cristais de gelo. Daí a formação das camadas.
Maria Assunção da Silva Dias - Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

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